A religião Maia, em seu Panteon, apresenta algumas generalidades, conforme enumera o inglês Eric Thompson (1895-1975):
a) os deuses ligados à chuva e à terra, possuem, geralmente, traços de serpente ou crocodilo, mesclados com caracteres humanos;
b) há a quadruplicidade dos deuses, cuja personalidade se desintegra em quatro indivíduos, que correspondem aos quatro pontos cardeais;
c) uma mesma divindade pode vir a ter aspecto benéfico ou maléfico, mudar de idade ou mesmo de sexo;
d) apesar de existirem três Universos, uma divindade pode estar em qualquer desses Universos, e ter ciclos diferentes;
e) grande importância no cômputo e na divisão do tempo, associado que era, aos deuses;
f) o caráter duplo, ou as funções contraditórias com a sua natureza, é explicado pelo sincretismo, devido à adoção de deuses populares, que foram recuperados pela elite dirigente.
Seu panteon se divide em 3 grandes famílias: celeste, terrestre e subterrânea, as quais veremos a seguir:
Entre as 13 divindades celestes, preponderavam Kinich Ahau (o Sol) e Ixchel (a Lua). Segundo a lenda, os dois astros, antes de se localizarem nos céus, viviam sobre a Terra como cônjuges, onde Ixchel não teria sido uma esposa muito fiel. Durante uma discussão, Kinich Ahau a teria deixado zarolha, o que explicaria o seu menor brilho nos céus.
Kinich Ahau protegia as artes (música, cerâmica e caça), enquanto que a Ixchel cabia a proteção da gravidez, do parto, das colheitas e da tecelagem. A par disso, Ixchel tem, também, o lado hostil e negativo: É a deusa das inundações, simbolizada como uma velha colérica, cercada de símbolos fúnebres, com garras de rapina, ossadas esparsas e uma serpente enrodilhada sobre seu crânio.
Kinich Ahau era associado a Itzamna (o Céu), que era uma representação da noite. Itzamna é representado por um crocodilo ou lagarto (Itzam significa lagarto em iucateque) de duas cabeças, uma viva, que representa o levante, onde nascem os astros, e outra, aparentando morta, que representava o ocaso, onde desaparecem os astros.
Os Maias imaginavam o mundo como um disco circular pousado sobre um crocodilo (ou quatro, segundo algumas versões, um para cada ponto cardeal), flutuando sobre águas subterrâneas, e comportando nove mundos subterrâneos, empilhados e dominados, cada um, por um terrível e atemorizante Senhor da Noite.
Haviam quatro gênios protetores, os Bacabs, que sustentavam o céu: um rubro, a leste, um branco, ao norte, um negro, a oeste (a noite), e um amarelo, ao sul.
Itzamna, como a maior parte dos deuses maias, também se quadruplica, e a mais frequente associação é com os Chacs, deuses da chuva e da vegetação. Sua representação é ofídica, e fazem chover emborcando ou entornando cabaças cheias de água sobre o solo. Às vezes, brandem machados de pedra que simbolizam raios e relâmpagos. São, assim, deuses da chuva, do vento, da vegetação, da fertilidade e da agricultura. Por serem benéficos e benevolentes, eram muito populares em Yucatan, onde a chuva era ansiosamente aguardada.
Durante o renascimento dos séculos XI e XII, prepondera o culto da Serpente Emplumada, ou Kukulkan, que equivale ao Quetzalcoatl dos Astecas. Eram a época de domínio dos Itzas, e o culto ficou centralizado em Chichen Itza. Kukulkan teria sido um personagem histórico, um chefe religioso e guerreiro, mas, após a queda dos Itzas, seu culto desaparece de imediato, ressurgindo, então, os antigos deuses Maias.
O clero tinha lugar de honra junto ao governo, por ter este o caráter teocrático. A autoridade religiosa estava superposta à tribal, e aos sacerdotes cabia transmitir a escrita, o calendário, a astrologia, a genealogia, a história, a mitologia, a medicina e a adivinhação, sendo, ainda, seu dever, prestar aos deuses, o culto que lhes era devido.
Se supõe que o clero dependia de uma classe privilegiada e hereditária, havendo, pois, preponderância do temporal sobre o espiritual. É provável que esses poderes fossem atribuídos à mesma pessoa, pois a expressão halach uinic, que denomina o supremo mandatário, pode ser traduzida por governador-bispo.
Na hierarquia Maia, logo abaixo do Halach Uinic, um segundo grande sacerdote era responsável pelo ensino, conservação e transmissão dos conhecimentos acima enumerados.
Os Ahkin (Os do céu) eram encarregados das especulações intelectuais, embora estivessem entre os oficiantes de sacrifícios, além de terem a missão de profetizar.
Os Chilams (Adivinhos) profetizavam, consultando os calendários divinos ou entrando em transe, através de danças e percussões frenéticas, talvez auxiliados por drogas inebriantes, como a mescalina. Ao consultar os escritos sagrados, aspergiam-nos com água pura, chamada Zu Huy, proveniente de fontes ou cenotes (poços) particulares, os quais eram proibidos às mulheres.
Os Nacoms tinham ligação com a morte: eram incumbidos de arrancar o coração das vítimas sacrificadas. Nessa tarefa eram auxiliados por quatro Chacs, associados ao deus da chuva e da vegetação, os quais seguravam a vítima. Os Nacoms eram assistentes dos Ahkins, a quem entregavam o coração, tão logo este era extraído.
fonte de pesquisa: internet
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