quinta-feira, abril 17
destino
ENTRE O ARBITRIO E O DESTINO
Por Paulo Urban
Publicado na Revista Planeta nº 344 / maio 2001
O livre arbítrio existe? Somos de fato seres livres? Temos realmente permissão para fazer tudo aquilo que queremos, já guardado o respeito pela liberdade alheia? E quanto ao destino? Nascemos predeterminados, destinados a experimentar a sensação de que agimos "livremente" dentro de certas possibilidades já previstas desde o início? Tudo o que fazemos na vida então nada mais é do que cumprir um risco já traçado, ou escolhemos, passo a passo, o caminho por onde seguir, imprimindo ao longo dele nosso rastro pessoal ao qual chamamos liberdade?
De fato, sempre que assumimos um comportamento ético frente à vida, obrigamo-nos a certas atitudes que bem nos revelam quão relativa é nossa liberdade diante dos conflitos que nos são impostos, dilemas estes aos quais chamamos destino. Então, escolhemos sofrer ou a dor é atributo inerente à existência? "Sofrer é o destino dos mortais", diria Eurípedes (485-406a.C.), poeta trágico, máxima esta à qual o filósofo existencialista Jean Paul Sartre (1905-1980) traria o contraponto: "Estamos condenados a ser livres". Uma angustiante verdade! Afinal, toda ação humana pressupõe dor, não só a imediata, que nos força a optar por algo em detrimento de todo o resto que deixamos, como a dor seguinte, previsível ou não, acarretada pelas conseqüências que advêm de tais escolhas.
É, o destino parece aquele irmão ciumento, invejoso da capacidade humana de ser livre. E não raro ele é cruel, capaz de enredar em suas malhas as nossas frágeis liberdades diferenciadas, dignas de compaixão.
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